CAÁ - A FORÇA DA ERVA

CAÁ - A FORÇA DA ERVA

Documentário  Caá – A Força da Erva, filmado em 2005, em diversas cidades da região de fronteira entre Brasil e Paraguai.
O documentário contou o apoio de pesquisadores locais e pessoas que viveram o ciclo da erva-mate.  Depois da exibição, será realizado um debate com a presença de historiadores e personagens que participaram do documentário.
A história da erva-mate, planta típica do Estado que foi responsável pela ocupação do sul do antigo Mato Grosso.  Ponta  Porã, Rio Brilhante, Caarapó, Porto Murtinho, Iguatemi, Tacurú, e inúmeras outras cidades nasceram durante a extração da erva-mate. Foi o primeiro ciclo econômico do sul do Estado.
Foi um período de muitas controvérsias. A Companhia Mate Laranjeira deteve durante mais de 50 anos o monopólio para extração da erva. Há os que defendem a companhia, que teria sido responsável pela ocupação do Estado, com abertura de estradas, pontes, cidades. Há os que a acusam de exploração dos trabalhadores e abuso de poder.
É um fato muito comum em Mato Grosso do Sul, as pessoas levantarem cedo, esquentarem água e se sentam nas varandas para tomar mate. Durante o dia, nas rodas de amigos, o tereré corre de mão em mão, animando as conversas. Mas poucos sabem as histórias que envolvem o produto que colocam nas suas cuias.
Toda essa polêmica perpassa CAÁ - A FORÇA DA ERVA, nas falas de quem viveu esta época. Mineiros, cancheadores, urús, gerentes, pequenos funcionários, que contam suas experiências durante este período desconhecido pela grande maioria da população.
Os trabalhadores dos ervais eram paraguaios, que dominavam as técnicas de preparo. É necessário conhecer os métodos de tirar a erva, sapecar, transportar em grandes “raídos” até o “barbaquá”, onde ela será torrada. Um serviço bruto que os brasileiros não sabiam fazer. É neste período que Mato Grosso do Sul recebe a grande influência da cultura paraguaia, tanto na língua oficial dos ervais que era o guarani, quanto na música, comida, vestimentas, linguajar.
A equipe do documentário fez uma intensa pesquisa para localizar ex-trabalhadores deste período e encontrou em Ponta Porã, Dourados, Caarapó, Campanário e Campo Grande, brasileiros e paraguaios que narram suas emocionantes lembranças de um passado recente. 
Walfrido Brizuenha, de 103 anos, conta que conheceu Tomáz Laranjeira, o formador da Companhia Mate Laranjeira. Benita Franco narra suas tristes lembranças de um período onde as mulheres eram tratadas como mercadorias e exploradas pelos homens dos ervais. José Domingo Gayoso fala do esforço para carregar os fardos de erva e o que ganhava mal dava para comer.  Alguns historiados ajudam a entender os acontecimentos, num tempo onde se abriam as primeiras picadas.
Com a chegada do trator nas lavouras os pés de erva-mate nativa começaram a ser derrubados para dar lugar à soja e ao pasto para o gado. Hoje, o que se produz não supre o consumo de erva do Estado. São cerca de 40 marcas de erva, que importam a matéria-prima do Paraná e Santa Catarina. A erva-mate nativa existia no Paraguai e em alguns estados brasileiros: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no sul do antigo Mato Grosso. A grande consumidora era a Argentina que depois conseguiu cultivar a erva e passou a ser auto-suficiente, deixando de comprar do Brasil. A Companhia entra em declínio e encerra o período áureo de extração da erva.
O documentário, que tem 60 minutos de duração, foi financiado pelo FIC - Fundo de Investimentos Culturais, do Governo Popular e realizado pelo Teatral Grupo de Risco. A direção é de Lú Bigattão, produção de Ubirajara Guimarães, roteiro de Rosiney Bigattão e direção de fotografia de Zédu Moraes e Dalmo de Oliveira, e tem o apoio da Prefeitura Municipal de Dourados através da Fundação de Cultura e Esportes. Serão distribuídas cópias do documentário para escolas, universidades, museus, para que os estudantes do Estado conheçam e discutam o ciclo da erva, e passem a valorizar ainda mais a cultura regional.

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